A análise do solo busca avaliar de forma rápida e a baixo custo a acidez ativa (pH), a disponibilidade de nutrientes como Ca (cálcio), Mg (magnésio), P (fósforo) e K (potássio) e demais micronutrientes essenciais e benéficos às plantas. É também por meio da análise do solo que se pode quantificar os níveis de alumínio (Al³⁺) presente no solo, altamente tóxico às plantas.
Portanto, a análise de solo é uma etapa essencial dentro do planejamento produtivo. Através dela é possível obter informações sobre a fertilidade do solo, permitindo ao produtor ou responsável técnico corrigir eventuais deficiências nutricionais e, consequentemente, aumentar a produtividade e a qualidade da colheita.
No curto prazo, a análise do solo permite avaliar a disponibilidade imediata de nutrientes para as plantas, o que possibilita a adoção de medidas corretivas, como a aplicação de fertilizantes, para atender às demandas nutricionais das culturas. Isso pode resultar em um aumento significativo na produtividade das lavouras e pastagens, além de melhorar a qualidade do que é produzido.
A médio prazo, a análise do solo contribui para a redução dos custos de produção, já que permite ajustar as doses de nutrientes aplicados e evita a aplicação excessiva de fertilizantes, que, além de onerar financeiramente, pode prejudicar o meio ambiente. Além disso, a análise do solo permite a identificação de problemas nutricionais que podem afetar a saúde das plantas, possibilitando a adoção de medidas preventivas para evitar prejuízos futuros.
No longo prazo, a análise do solo contribui para a sustentabilidade da atividade agrícola, ao possibilitar o manejo adequado da fertilidade do solo. Com a realização regular da análise do solo e com a adoção de práticas de manejo adequadas, é possível manter a fertilidade do solo por longos períodos, garantindo a produção sustentável e a preservação do meio ambiente.
Além disso, é importante manter um histórico da fertilidade da área para acompanhar as mudanças na fertilidade do solo ao longo do tempo, permitindo o planejamento adequado das práticas de manejo e a detecção de problemas que possam surgir. Essa informação também é útil para futuras negociações e transações imobiliárias envolvendo o terreno.
Época de amostragem
A época de amostragem de solo pode variar de acordo com o manejo empregado no solo, a cultura e outros fatores.
Para culturas a serem implantadas, recomenda-se que a amostragem seja realizada com antecedência de 120 dias em relação ao plantio.
Já para culturas perenes implantadas, a amostragem do solo deve ser realizada, preferencialmente, logo após a colheita e antes da aplicação de fertilizantes de um novo ciclo.
Subdivisão em talhões ou glebas homogêneas
As áreas a serem amostradas devem ser divididas, previamente, de acordo com os seguintes aspectos:
Vegetação (cultura, cultivares, idade, etc.);
Textura (solos arenosos e argilosos);
Topografia (topo, meia encosta e baixada);
Produtividade;
Histórico de aplicações de corretivos e fertilizantes.
É importante ressaltar que as glebas/talhões resultantes dessa divisão não devem ter área superior a 10 - 20 ha, mesmo que sejam homogêneas (Figura 1).
Figura 1. Divisão homogênea em glebas/talhões.
Fonte: Google Imagens.
Fique atento: para cada área homogênea, deve ser coletadas, no mínimo, 10 amostras simples (recomendo 20 amostras por gleba/talhão, Figura 2), para formar uma amostra composta, que será encaminhada ao laboratório.
Observe, como demonstrado na figura 2, que o erro de amostragem tende a aumentar quando o número de amostras coletadas é inferior a 10 e tende a permanecer sem muita variação entre o intervalo 10 - 20.
Figura 2. Erro de amostragem em função do número de amostras coletadas.
Fonte: M.R.S Agronomia.
Amostra simples: coleta realizada em cada ponto definido;
Amostra composta: mistura das amostras simples reunidas em cada gleba/talhão.
De modo geral, as amostras são coletadas em profundidade de 0 a 20 cm. Porém, a profundidade pode variar de acordo com a cultura a ser implantada e o sistema de cultivo, conforme disposto na seguinte tabela:
Tabela 1. Profundidade de coleta em relação a cultura e sistema de cultivo
Cultura | Sistema de cultivo | Profundidade (cm) |
Grãos | Convencional SPD¹ implantação SPD consolidado | 0 - 20 0 - 20 0 - 10² |
Forrageiras | Convencional SPD | 0 - 20 0 - 10² |
Hortaliças, raízes e tubérculos | Convencional | 0 - 20 |
Café, frutíferas e essências florais | Convencional | 0 - 20 20 - 40³ |
Fonte: EMBRAPA.
Legenda:
¹: Sistema de plantio direto;
²: Amostragem realizada de 0 – 20 cm, porém fracionada: 1°: 0 – 10 cm; 2°: 10 – 20 cm;
³: Amostragem de 20 – 40 cm possibilita a detecção de limitações químicas em profundidade como Alumínio e deficiência de Cálcio.
Procedimento de coleta
Para realizar uma amostragem de solo de forma adequada, é preciso seguir alguns passos importantes. Confira abaixo um passo a passo simples e prático para fazer a amostragem do solo:
Dentro de cada gleba/talhão, previamente definido, a amostragem deve ser realizada seguindo o caminhamento em zigue-zague (Figura 3).
Figura 3. Divisão homogênea em glebas.
Fonte: Google Imagens.
1. Escolha o local de amostragem: escolha de forma aleatória o local onde será realizada a primeira coleta. Fique atento para que os próximos pontos de coleta sejam escolhidos de modo mais aleatório possível, porém, atendendo o caminhamento em zigue-zague.
2. Faça a coleta do solo: no ponto de coleta definido, realize a limpeza do local e, utilizando um trado holandês ou uma pá (existem outras ferramentas para coleta, Figura 3), realize a coleta na profundidade recomendada, totalizando de 10 a 20 amostras simples por gleba/talhão homogêneo.
3. Misture as amostras: em um balde limpo, misture bem todas as amostras simples coletadas (Figura 4), retirando as partes mais superficiais e as raízes que possam estar presentes (repetir a cada gleba/talhão).
4. Separe a quantidade de amostra necessária: separe uma pequena quantidade de solo (cerca de 500 gramas) para enviar ao laboratório. É importante lembrar que o volume de amostra varia de acordo com o tamanho da gleba e a profundidade da coleta e de acordo com o laboratório ao qual será a amostra será enviada, portanto, consulte essas informações previamente.
5. Identifique a amostra: coloque as informações necessárias na embalagem, como o nome do produtor, a localização da gleba, numeração da amostra e a profundidade da coleta.
6. Envie a amostra para análise: envie a amostra para um laboratório de análise de solo confiável. É importante escolher um laboratório que siga padrões de qualidade e que forneça resultados precisos.
Figura 4. Ferramentas de coletas para amostragem de solo.
Fonte: EMBRAPA.
A amostragem e análise do solo são fundamentais para se obter informações precisas sobre a fertilidade e a saúde do solo. Através deste processo, é possível identificar deficiências de nutrientes, excessos ou toxidez, permitindo que sejam tomadas medidas adequadas para corrigir esses problemas. Além disso, a análise periódica do solo permite acompanhar a evolução da fertilidade ao longo do tempo, auxiliando no planejamento das atividades agrícolas e contribuindo para a sustentabilidade do sistema produtivo. Por isso, é essencial que os Produtores rurais e Engenheiros Agrônomos estejam atentos à importância da amostragem e análise do solo, garantindo a produtividade e a qualidade das culturas e preservando o meio ambiente.
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